Todos nós estávamos habituados com a rotina diária de nosso trabalho, escritórios, fábricas, comércio, pessoas, reuniões e outras atividades, acompanhando e observando as mudanças no mercado de trabalho.
Indústria 4.0, tecnologia de ponta, lei de proteção de dados, mudanças que chegaram como tendências e de repente foram aceleradas por conta de uma pandemia!
Um novo vírus surgiu e o mundo, apesar da sensação de “standby”, está muito mais conectado e integrado do que podemos imaginar.
Sim, estamos vivendo um cenário inimaginável, pessoas trabalhando de suas casas, gestão à distância, tecnologia avançada nas conexões e transferências de dados, soluções criativas e infelizmente também a crise econômica e aumento extremamente acelerado do desemprego.
O cenário atual tem mostrado muitas variáveis e incertezas em relação ao mercado de trabalho, e o que chama a minha atenção é a mudança no comportamento humano diante do que estamos vivendo.
Temos notícias diária de empresas sendo extremamente comprometidas com seus colaboradores e com a sociedade, oferecendo toda a estrutura de trabalho, bem como suporte emocional. Nesse momento, conseguimos enxergar o comportamento colaborativo e participativo dos colaboradores, o coletivo está em alta!
Além disso, independente das companhias do “bem”, o voluntariado para colaborar na contenção do vírus se destacou nos últimos meses.
Com mudanças diárias em nosso “novo estilo de vida”, seja na alteração da legislação trabalhista, decretos de auxílio emergencial, regras de isolamento ou o próprio cenário econômico resultante da pandemia, ainda é dúbio e imprevisível quando falamos em mercado de Trabalho e Gestão de Pessoas!
DADOS ESTATÍSTICOS BRASILEIROS
O desemprego no Brasil atingiu 12,2% no primeiro trimestre de 2020. É o que divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, ou seja, 12,85 milhões é número de desempregados registrado no primeiro trimestre de 2020.
*Fonte IBGE https://www.ibge.gov.br/indicadores#desemprego
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da Fundação Getúlio Vargas caiu 9,4 pontos em março para 82,6 pontos, menor nível desde junho de 2016 (82,2 pontos). Apesar da queda, o resultado trimestral é 1,0 ponto superior ao trimestre anterior. Em médias móveis trimestrais, o indicador interrompe trajetória positiva ao recuar 2,4 pontos em relação a fevereiro.
“O resultado de março mostra os primeiros efeitos da pandemia de coronavírus na perspectiva sobre o mercado de trabalho. Essa foi a segunda maior queda da série histórica, ficando atrás apenas da ocorrida na crise de 2008-09. O cenário negativo deve persistir nos próximos meses, considerando o crescente aumento de incerteza no país”, afirma Rodolpho Tobler, economista da FGV IBRE.
Além disso podemos citar diversos outros índices para mostrar que de fato estamos diante de uma crise e com isso muitas perguntas de como tudo ficará quando retomarmos as atividades.
E COMO SERÁ O MERCADO DE TRABALHO PÓS ISOLAMENTO?
Temos muitas expectativas na retomada do mercado pós isolamento, muitos com pensamentos bem positivo e esperançoso e outros nem tanto, o fato é que não sabemos ao certo como será, o que tem causado muita ansiedade nas empresas e colaboradores.
Vamos falar do destaque do momento:
HOME OFFICE E GESTÃO À DISTÂNCIA!
O tema, que já era uma tendência se tornou a solução para muitas empresas continuarem suas atividades.
Os líderes habituados a liderarem por proximidade, vêm-se numa situação de onde sua equipe está isolada em casa sem um único colega à sua volta. Todos tendo que lidar com a mais diversa situação, filhos, cônjuges, animais de estimação etc. Bem diferente de um Home Office programado.
Nesse momento, todas as gerações ativas no mercado de trabalho, dos “boomers” ao “Z”, a tecnologia é a nova conexão. Sem entrar nos detalhes dos diferentes perfis, o momento é de aprendizagem para todos, e no meu ponto de vista, vamos extrair o melhor no final da crise.
Somado à situação, temos diversas publicações sobre regulamentações trabalhistas que se alteram de um dia para o outro.
Por conta disso, o desafio da gestão é transmitir confiança e segurança para a equipe, ter uma escuta ativa, planejamento e organização.
Muito se fala em criatividade para solucionar os problemas, mas para ser efetivo, é preciso ouvir as pessoas!
O QUE ESPERAR?
O cenário ainda é incerto, tenho a percepção que o mercado quando retomar vai ser em um modelo bem melhor, criativo e com muitas mudanças.
As pessoas estão mais empáticas e colaborativas, estão desenvolvendo competências muito promissoras para a retomada e eu espero que esse comportamento continue pós crise.
Toda mudança dependerá de muitos fatores, situação econômica, cultura organizacional, comportamento humano, coletividade e necessidade do negócio.
Alguns segmentos serão privilegiados (como já estão), outros nem tanto, mas futuramente veremos o equilíbrio e o mercado se ajustando gradualmente as novas necessidades como em todas as crises passadas.
Talvez muitos retornem com o mesmo modelo de trabalho por conta de suas atividades, mas acredito que uma grande maioria irá adotar um modelo híbrido, adotando o trabalho remoto parcial ou total como parte de seu modelo de trabalho, pois está funcionando muito bem para muitos.
Em relação as oportunidades, sim, estou falando em vagas de emprego, tenho visto um movimento na contramão da crise, alguns setores estão com muitas vagas abertas, enquanto outros infelizmente demitindo.
A retomada será aos poucos, à medida que a economia for se ajustando, as empresas irão gerar demanda de contratação.
Acredito, que por conta dos formatos adotados durante o período de isolamento, posições novas serão inseridas no mercado de trabalho, portanto minha dica aos profissionais é de se manter informado e principalmente aproveitar o momento e se reciclar, realizar novos cursos de capacitação (muitos são gratuitos), manter-se conectado com sua rede de contatos, acompanhar o mercado de trabalho com as novidades que estão surgindo, e principalmente manter a calma, apesar de difícil, necessário!
A CONTRIBUIÇÃO DO RH
Muitos profissionais de todas as áreas têm se desdobrado para solucionar rapidamente todas as mudanças ocorridas nos últimos dias, mas quero falar especificamente dos profissionais de Recursos Humanos.
Os gestores de RH têm tido um papel estratégico fundamental nesse período de crise e pós isolamento será indispensável.
Primeiramente os colegas da área terão o desafio em planejar a estratégia de retorno ao trabalho, recomendo que já pensem no tema!
Desde o início da crise inúmeras decisões foram tomadas para sanar problemas pontuais, dentre eles, criar estrutura para o home office, criar regras e políticas a toque de caixa, processos e procedimentos para segurança dos colaboradores, alterações na legislação trabalhista, decisões salariais, entre outros. Entramos no “modo sobrevivência!”
Como será no retorno? Voltam as regras anteriores? E as alterações da legislação, como fica para quem as adotou?
Em relação à remuneração será um grande desafio para os profissionais da área, tendo em vista que as pesquisas e a atual situação econômica não irão refletir a realidade do momento.
Mais do que questões operacionais vejo o desafio na gestão de pessoas, como lidar com tantas emoções? A decisões de hoje terão impacto amanhã, portanto uma gestão transparente, consistente e humanitária trará resultados no fortalecimento do time e retenção de talentos.
Vale lembrar que a mudança comportamental das pessoas irá refletir diretamente novo modelo de trabalho, cabe a área de Gestão de Pessoas e liderança, identificar as novas competências adquiridas e estrategicamente capitalizar para o desenvolvimento do individuo e da companhia, todos saem ganhando!
O profissional de Recursos Humanos deve apoiar a liderança na estratégia do negócio, para que o retorno e desenvolvimento seja de forma suave e organizada, contribuindo para geração de emprego, desenvolvimento de pessoas e resultado da companhia, de maneira a reestabelecer a ordem da “confusão” gerada pelo vírus!
Karla Bonello
Fundadora da Like a Job Consultoria em RH.